Trajeto

Vinte e três corpos...

Estirados, curvados, grudentos,

Com os cabelos desgrenhados

Sebosos, expostos, pulguentos

Medidos em metros...

Em espaços de tempo

Nas portas, aninhados...

Em pares ou isolados...

Nas ruas do centro

...E de um ponto a outro

Desfilam parados

Lençóis improvisados

Maltrato incorporado

Porque nunca sou eu, ali?

Ninguém que eu amo,

Que já conheci...

Será que eu sou tão especial

Em meio à maioria

Que passa sempre igual

E ali à revelia

Tudo é tão trivial

Tragédia nessas vias

É coisa natural