Corrupção: indignar-se só não basta, gente!

Desabafo!

Indignar-se só não basta, gente!

Já pouco ou quase nada que no peito cala

nesta onda que arrasta, imobiliza e abala

os pilares da "falsa" dona moral que fala

e mente descarada, ante a nação na sala

tanta gente privada mete a mão na coisa pública

saqueiam os bens de quem quase nada tem

destroem os valores do povo que emprego suplica

mantém a política imoral e humilhante distribuem

cestas, bolsas, telhas, migalhas e outros favores como se bestas fossem seres humanos aos milhares

apenas lembrados em sazonais períodos eleitorais

roubalheira nos meandros de poder nacionais

e, inda tem a cara de pau de dizer convencido

que o poder emana do povo

e que em seu nome será exercido,

mas, sugam as tetas com tentáculos de polvo

Ó gente, de capitanias, quilombos e senzalas,

de vielas, cidades e aldeias

- Que penas, ó nação Brasil ainda temos que pagar?

- Quanto tempo inda haverá para se libertar?

De tanta gente impune que explora, mata, saqueia.

Pratica há séculos a derrama, especulação, sangria.

Empurram o povo para vida em favelas, neoguetos

Na violência consentida, nos morros e asfaltos,

Das iniqüidades acaso és mãe gentil?

Corrupção histórica a corroer o frágil tecido social,

engendram tácita e imposta aceitação de métodos,

amparam colarinhos brancos e com projeção social,

Condenam à morte em lenta agonia os excluídos,

Aqueles que só representam números (ou votos)

nas estatísticas do INSS, nos leitos hospitalares,

nas filas dos sem-empregos, sem-terras, sem tetos,

excluídos do PIB, mas números, são eleitores.

Em um modelo de uma “farsa”, falsa democracia,

de um desgoverno, de promessa e remessa, vazia de uma minoria que fala em nome de uma massa, na premissa de passiva, indolente, amorfa.

(afinal tudo se repete, mudam os atores, mas a peça segue a mesma no arena da política)

Vagando qual zumbi nos trens lotados da vida,

na imoralidade da informalidade forçada,

na carência absoluta de meios de sobrevivência

e inda assim de uma gente que luta e que anseia.

Por mudanças, em cotidiana luta aguerrida,

com seu suor mantém este país de bota e espora, essa sim brava gente brasileira, aliás, prefiro essa frase do hino da independência, àquele que diz "deitado eternamente em berço esplêndido".

AjAraújo, escrito em Agosto de 2005, mas tão atual.