TERCEIRO MUNDO
“Cada cual hace lo suyo, pero
hace lo suyo para todos”
(Mercedes Sosa)
Um pária muito explorado,
o nosso Terceiro Mundo,
sob os pés lá do Primeiro;
produz, mas sempre aviltado,
sofre e sua, sem dinheiro.
Ah, pobre Terceiro Mundo,
tens populações à míngua,
e tens fome concentrada,
mesmo o solo tão fecundo,
tal de orvalho a madrugada.
Que feudo pulverizado,
este imenso latifúndio,
sob o tacão que domina,
onde o sem-terra, açoitado,
cai morto a cada chacina.
Que terras mal divididas,
nesta fartura sem par,
onde a mão da burguesia,
a massacrar, tira vidas
e até faz fuzilaria.
Quantas crianças, coitadas,
bem à contramão da sorte,
inda nos ventres são mortas
ou, na rua, abandonadas,
ao rosto as travadas portas.
No cenário das nações,
avante, Terceiro Mundo,
não podes ser o vilão,
pois dás esteio aos barões,
mesmo te faltando o pão.
(Abril de 1996)
Fort., 19/09/2009.