POEMA POBRE

POEMA POBRE

Sei que a vida é bela

Mas penso em como seria

Se ao invés de assentar o tijolo

Eu fosse o dono da olaria

Andar de carro importado

Sem pegar busão todo dia

Sem sentir o cheiro d’azedo

Da velha marmita fria

Dinheiro não traz felicidade

Eu sei diz o refrão

Mas nunca vi nenhum milionário

Querendo ficar pobretão

Morrer a mingua na fila

De um sistema de saúde precário

Ser pobre e dizer que gosta

Só mesmo sendo um otário

Quem me dera ser burguesia

Dominante, e não dominado

Não passar o resto da vida

Apenas contando trocados

Aos sessenta e cinco aposenta

Aos setenta já pode morrer

Se um rico não entra no céu

Um pobre é que não pode ser

Néscius Lourenço
Enviado por Néscius Lourenço em 12/09/2009
Código do texto: T1806869