Bate um vento atravessado

Bate um vento atravessado

Bate um vento atravessado

Do frio que vem gelado

Da cordilheira dos Andes

O gado; do pasto é retirado

O homem, fica todo encapuzado

Tomando um grande chimarrão.

Da cocheira os cavalos

Não querem arredar pé

Os gatos acocorados

Na lareira, o fogo em pé

Na cumeeira do telhado

Só gelo a gente vê

Mas eis que olho no prado

Veja o quadro que se vê

Uma criança descalça

Congelada pelo frio

Ponho polaina na calça

Corro a tirá-la do frio.

Aqueço-a na lareira

Dou-lhe leite, pão café

Indago-lhe onde mora

Diz: além, depois da serra

Morava com sua mãe

Seu pai estava na guerra

Mas porque sozinha estava

Tão distante e desgarrada

Ela então falou chorando

Que sua mãe não acordava

Cortaram-me o coração

Esta palavras ditadas

Cri então que sua mãe

Já mora noutras paradas

Acolhi a criancinha

Dei-lhe estudo educação

Como sendo filha minha

Hoje, é minha proteção !

São Paulo, 09/09/2009

Armando A. C. Garcia

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