A que conduz tanta velocidade?

Sobre o asfalto

Pendendo todos os sonhos

Curvado no balançar das vértebras

Redimo, rimo, afirmo esse rodar

Sobre o asfalto

Qual astro errante neste solo urbano

Irrigado pela chuva a escorrer

Em frias gotas nas ruas vazias

Sobre o asfalto

Encobertos na multidão de olhares

Distantes nos caminhos, só descaminhos

Que se perdem e se cansam

Sobre o asfalto

No veloz comboio humano

Sonho com velhos tempos

De charretes, de cavalos, de bicicletas, de bondes...

Sobre o asfalto

Imagino uma estrada de terra tão somente

Onde no pó não haja óleo ou sangue

De pedestres, batidas, vítimas deste caos urbano...

AjAraujo, o poeta humanista, 2009.