Cotidianidade
É rosa e azul
Verde e amarelo
Muito fácil seria
Se fosse anil e celeste
Ou se fosse escarlate e carmim
É no abstrato que se revê
Os concretos
No abstrato do concreto
Presente no qual
Uma massa incandescente
Se forma no que já é
E um concreto
Não aceitante de um abstrato
Que se verá apenas concreto
E fuginte do ser presente
Em vulcão tudo explode
Implodindo cotidiano
Coisas que se esperam
E não se evitam
Que se fundem e não se questionam
Ou que questionem
E não se monte peça
nesse belo quebra-cabeça
Se obedece a “a”
Se manda em “b”
Amanhã se obedece a “b”
E se manda em “a”
É...
Na aurora se vê
O crepúsculo
E o crepúsculo possibilita
Uma nova aurora
Ocorre que no soar do gongo
A ultima gota de lágrima de morte
É quem possibilita
a primeira gota de lágrima de vida
Vida vivida
Depois morrida
Do mesmo modo de elenco novo
Enredo tosco
Repetindo o que não é novo
E enfim acrescentando
Ao velho novo
Um novo talvez novo