Senhora alegria
Chamavam-lhe puta em surdina quando ela passava
Eram os miúdos gingões e acessos
Já queriam mulher, tesões imberbes
Cios a ulular,fantasias a despontar
Mas se ela quisesse ??? não se fazia rogada
O ganho era fim de se devassar
Não havia opção, nem outro critério
Os filhos eram a razão da sua perdição
E foi para a vida, negociava corpo e não a alma
De corpo bonito reduto de gulosos
Ela se desforrava da miséria negra
Que tanto a assombrava
O melhor para os filhos
Que queria com ela
Temia que os levassem
Ela morreria a solidão a consumiria
Se dessa companhia a desviassem
Ouvia-se o vento que assobiava
De noite e de dia lá ela andava
Como cega perdida numa tempestade
Enchia-se o coração de espinhos
que a feriam  se o ganho do dia a não satisfazia
Entre um e outro uma oração .
Pedia sempre  a Deus, de joelhos,perdão.
Golpeava o peito dessa aflição. Pensava nos filhos
Pelas avenidas, ruas e ruelas, casas de permissão pinhais e casebres
Lá ia a mulher que vendia o corpo, airosa e dengosa
A alma? Essa imune.
Chamavam-lhe puta a meia palavra
Por muito em surdina que o dissessem ela ouvia
e ela sorria … dizia bom dia…
Passaram a chamar-lhe senhora alegria   
 
De tta
Poema livre
Tetita ou Té
Enviado por Tetita ou Té em 06/09/2009
Código do texto: T1794950
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