Acordes

A minha viola nordestina

tem um cantar triste que dizem bonito ser.

Canto as minhas angústias e esperanças

nestas minhas andanças.

Que quase sempre morrem por falta de água.

Tenho uma garganta de repentista

que de tanto medo virou nortista.

O ronco de meu faminto estômago

é o que dá ritmo às minhas músicas.

A minha viola modesta

molesta os coronéis de bota e espora.

que cravam em minha língua ferina, ferida.

Era preciso formar um só som

com todas as nordestinas violas deste país

onde ao norte, fica a noite e a morte.

AjAraújo, em homenagem ao grande músico Luiz Gonzaga.