Poema em transe

É como uma avenida ou uma rua

que se cruza com outras ruas,

com imensidões de carros, casas, prédios,

fabricas, pontes e um mar cheio de navios e encantos.

A poesia de tantos encontros e desencontros.

Em cada rota um segredo distinto

pequeno e grande, em cada rota uma maravilha

moças passando de mini saias e bronzeadores nas mãos

em outras rotas decepções carros e concreto lotam

o meio urbano, poluem a civilização.

A poesia solta lágrimas de prantos e espantos.

Na frente do mar uma floresta

com uma montanha enorme atrás

onde voam os pára-quedistas

uma floresta que se reveza em altos e baixos

relevos tudo concreto.

E animais de metais, animais grandes

pequenos soltando o veneno letal.

Veneno que sufoca até o poema

passam obedecendo a cada sinal,

a cada cor, quando eles param,

tudo para, tudo no centro para.

A poesia para sufocada de tanta fumaça.

A poesia chora, grita, implora,

a poesia protesta e volta a cantar

o amor, a flor, a lua e as estrelas e o mar.

De sobressalto vem a cólica e de imediato

o pavor se solta é o medo, o pânico do aperto

neste grande mundo que vai ficando

estreito, a cada dia, a cada hora, a cada meio

segundo, o poema não aguenta mais,

não tem tanta paciência assim

e em meio a tudo isso, fica estático,

perplexo, retardado em pleno transe.