Intempéries (A Vida na Terra no Final da Humanidade)
Intempéries
Assisto as águas passarem tristes
e volto a traz num cântico dourado,
ainda que reste agora só eu de mim,
perdi-me com o céu cinza amarelado.
Fez-se futuro e temiam certos,
todos fugiram ao presente,
ao mar manchado de gelo
e ao sol de nuvens cortantes.
Na terra a fumaça cor-de-rosa
de brumas incandescentes,
não detém a fúria do ardor
na força do vento que se abrasa.
Meus pulmões pulsam enxofre...
E solitário sou seguido por um monstro
que vai quebrando o chão com seus passos
até que me alcance já exausto da tragédia.
Sofro a dor gélida coberta pela lua e o sol,
e em minha terra o vento traspassa paredes,
a água flutua, com efeito, de fim, enfim...
Até parece que os leões marinhos estão felizes!
Assisto da janela de meu mundo que se vai,
o fogo consumindo meus retratos e esforços,
tudo em tão clara calma, uma triste monotonia,
e espero um dia que se lembrem como foi a terra!