PELA JANELA.

PELA JANELA VEJO O MUNDO, MEU MUNDO... ATÉ ONDE OS OLHOS CONSEGUEM CHEIRAR

SABOREIO O VERDE, REPUGNO O CINZA, LANÇAR OLHAR LONGÍNQUO... NUMA TENTATIVA FRUSTADA, FICO NAS PONTAS DOS PÉS, TENTANDO VER O QUE NÃO VEJO. LÁ AO LONGE, NA LINHA DO HORIZONTE.

DA MINHA JANELA, OS OLHOS CAMINHAM, VEJO BARRACOS, VEJO FAVELAS. CONDOMÍNIOS DE LUXO E MANSÕES. ARANHA-CÉUS, SOMEM NO CINZA DO CÉU. AGLOMERADO DE PERNAS, NUM VEM E VAI FRENÉTICO, ELÉTRICO...

NO TRÂNSITO LOUCO, APODRECE MAIS UM MORTO, VIDA, VADIA, VAZIA, VIGÍLIA, VÍCIOS, VASSALOS.

TOLA VIDA, NOSSA VIDA QUE NÃO SE INOVA, NEM SE RENOVA, APENAS SEGUE SEU CAMINHO, SEM INTERSTÍCIOS, SEGUE VIDA, VIDA QUE SE SEGUE, SEGUINDO, CEGANDO, SONHO...

NAS ANTENAS DE RÁDIO E TV, UM INSETO REALIZA PROTESTOS, OUVI-SE CHIADOS E GRUNHIDOS, MAS O CLAMOR DOS GRILOS IMPEDE OS OUTROS INSETOS DE OUVIR, AQUELES GRITOS, QUE VÃO SE TORNANDO UIVOS, INCOMPREENDIDOS.

DA MINHA JANELA, OS OLHOS CHEIRAM O LUTO, NO MADEIRITE SUJO, GURIA 13 ANOS, VITIMA DE ESTRUPO.

OLHO AO LONGE, NÃO VEJO HORIZONTE, NÃO VEJO ESPERANÇA... DA MINHA JANELA MEUS OLHOS NÃO CONSEGUEM TATEAR O FUTURO.

Edergênio Vieira
Enviado por Edergênio Vieira em 02/09/2009
Reeditado em 02/09/2009
Código do texto: T1788999