Nada
De hoje em diante
Não vou querer mais saber
De nada, nada a não ser
Do nada, meu diamante,
Que hoje, como antes,
O nada é o viver.
Pois querer saber tudo
É pros tolos do mundo
Os que não sabem saber
Não escolhem viver
Se finjem surdo-mudo
E dizem não entender.
Então, de hoje em diante
Vou viver sem pressa
Que vida é só essa,
E o futuro é tão grande
Que hoje o que me interessa
É o espaço de instante.
Nada mais belo que o nada
Que me torna humano
E pra cumprir meus planos
Deixar a obra acabada,
E a vida felicitada
Nestes meus breves anos.
Acreditar tão somente
Que é cedo pra desistir
E tarde, já, pra insistir
Nas inférteis sementes
Que (des)fabricam mentes
E despejam por aí... do nada!