Astro errante

No silêncio que anuncia a chegada da noite

Em algum recanto do mundo

Um choro, um lamento, um açoite

Talvez canto para um acalanto, um sono profundo.

Mas cumprem-se os ciclos

Da penumbra logo descerra o véu

E matutinos pássaros rompem os estelares elos

Que separam a noite da aurora, surge azul céu.

Que estranhas criaturas

Percorrem as ruas, nas frias madrugadas

Escondem-se do dia, humanas caricaturas

Abrigam-se na noite, aquecem nas alvoradas.

E nestes tempos de acirrada disputa

Lugar ao sol significa só um lugar sob a marquise

De corpo que cai, astro errante, que a nada assusta

Sem órbita, cumpre o papel retirante, sem valise.

AjAraújo, o poeta humanista.