Sono dos insensatos
Estou diante da insanidade humana
Perplexo!
Meus pares deram as costas para o poente onde nasce o amor e a virtude...
Arrasto sentimentos confusos sob os destroços
Que os meus olhos vêem e o meu coração repuguina
Em meio aos escombros fétidos de carnificina
A cena grotesca de animalidade e fúria
Reviram as tumbas e espantam nas mortalhas povos bárbaros
Calam de pesar exércitos de César
Fazem gelar gladiadores cruéis de sangrentas batalhas...
Adentramos o portal do terceiro milênio
Cria-se vida em laboratório
Previnem-se distúrbios futuros
Biogenética, chips orgânicos, projeto genoma...
Estamos plugados, linkados em tempo de amor virtual...
Lançamos bombas inteligentes, mísseis teleguiados...
Mas...
Enquanto isso na madrugada fria
Equilibrando-se num fio de vida um menino mutilado chora...
Silêncio menino!
Não perturbe o sono dos insensatos.
(Após a veiculação da imagem de TV que mostrava um menino iraquiano mutilado pelas bombas americanas).
Agosto/2003