Sono dos insensatos

Estou diante da insanidade humana

Perplexo!

Meus pares deram as costas para o poente onde nasce o amor e a virtude...

Arrasto sentimentos confusos sob os destroços

Que os meus olhos vêem e o meu coração repuguina

Em meio aos escombros fétidos de carnificina

A cena grotesca de animalidade e fúria

Reviram as tumbas e espantam nas mortalhas povos bárbaros

Calam de pesar exércitos de César

Fazem gelar gladiadores cruéis de sangrentas batalhas...

Adentramos o portal do terceiro milênio

Cria-se vida em laboratório

Previnem-se distúrbios futuros

Biogenética, chips orgânicos, projeto genoma...

Estamos plugados, linkados em tempo de amor virtual...

Lançamos bombas inteligentes, mísseis teleguiados...

Mas...

Enquanto isso na madrugada fria

Equilibrando-se num fio de vida um menino mutilado chora...

Silêncio menino!

Não perturbe o sono dos insensatos.

(Após a veiculação da imagem de TV que mostrava um menino iraquiano mutilado pelas bombas americanas).

Agosto/2003

Cosme Belizário
Enviado por Cosme Belizário em 19/06/2006
Código do texto: T178333