Que horas são?

Não é meia noite e nem meio dia

As notícias já foram lidas

Pelos relógios adiantados

Atropelam-se os engravatados

Num trânsito desordenado pelas vias.

Não era noite e nem era dia

A maquiagem não disfarçava nem escondia

E as mulheres já não sabiam

Se carregavam o mundo, se o ninavam

Ou se aceitavam ser a pontaria.

Nem era dia e nem era noite.

Os crimes sangravam o crepúsculo

A justiça não tinha rumo

Os eleitos formavam cúpulas

E a multidão minava cio.

Nada da noite e nada do dia.

A aglomeração pede comida

Os lobos uivam e os caninos se agitam

A boca baba e a voz que não cala

Pede o fim dessa anarquia.