Casebre Caiado

Casebre caiado
no meio do nada
de terra rachado
no grosso sertão

A cozinha de sapé
tão preta do carvão
e no fogo a panela
pouca água, pouco feijão

Casebre caiado
no meio do sertão
teu povo zangado
clamando proteção

No alto da seca
a morte é posição
de gente que sofre
por falta de pão

Suas crianças chorosas
sem nome, sem sina
pedindo dengosas
a proteção divina

Casebre de barro
socada de dor
tua gente morrendo
de fome e desvalor

Neste país continente
cheio de riqueza e poder
mas a nação, essa gente
nem vê o povo sofrer

Casebre caiado
no meio do nada
em terra rachada
no grosso sertão

Casebre esquecido
de povo esqualido
pedindo uma prece
pedindo perdão

O sertanejo na enxada
de maõs calejadas
construindo a estrada
de poeira e de nada

Esperando que o Brasil
que o povo desta nação
tão rica e varonil
não esqueça do sertão

De uma gente sem poesia
que espera o seu feijão
o seu alimento de cada dia
com pouco de água e pedaço de pão

Mas o rico deste país
só quer  saber de festa e carnaval
esquecendo que o infeliz
tá lá morrendo no canavial

Construindo prédios colossais
pontes, viadutos, cidades
deixando seus casebres siderais
em pedaços pela metade

Casebre caiado
do sertanejo varonil
esquecido pelo povo
deste majestoso Brasil.







 
Luciano Cordier Hirs
Enviado por Luciano Cordier Hirs em 20/08/2009
Reeditado em 14/05/2015
Código do texto: T1763971
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