PROLETÁRIOS

Coletivos lotados, correria.

Ele vence os obstáculos

que o separam da serralheria.

Ela se desencanta

ao ver pelo espelho

suas rugas tantas.

Ele tem os braços doridos

ao manejar a ferramenta

com pensamentos sofridos.

Ela liga a televisão

e inicia o ritual diário

de sua triste alienação.

Ele abre a marmita aquecida

e mata a fome com saliva

diante da perda da comida.

Ela come tomates em salada

e sobre o banco de pau

apóia as pernas inchadas.

Ele supera toda a tarde

produzindo e ignorando

a dor que pelo corpo arde.

Ela o espera à janela

do miserável barraco

sito ao centro da favela.

Eles se recolhem, indiferentes.

Ele, cansado, não quer amar.

Ela, frustrada, dorme a rezar...

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 20/08/2009
Código do texto: T1763724
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.