Infância Perdida, Infãncia Roubada

-Não sei se perdida ou roubada,

por certo não pela própria vontade

a infância está diluída

num País de meia idade

vivendo em novo milênio...

Uns nas ruas, sem ter

para onde voltar,

outros cola a cheirar,

tantos trombadinhas a roubar

pertences alheios,

sem ter quem lhes direcione a vida...

No sinais, a vender balas, chicletes, frutas

E se não venderem o encomendado,

cada um é surrado, humilhado

e pode ir deitar sem comer...

Nas carvoarias, nas cozinhas,

em vez de soltar pipas,

Pular as amarelinhas,

Jogar bola e brincar de pique,

Trabalham além de seus limites,

Exaustos, queimados,cobrados...

Alguns são filhos de putas,

Outros são filhos de santas,

Muitos sofrem pela sedução,

Das drogas, do sexo precoce...

Abuso, estupro, prostituição,

Gravidez, aborto:meninas mulheres

fazem mil erros para ganhar o suficiente

Para o leite, para o pão...

Muitas jogadas fora

Quais cães sarnentos...

Quantas crianças alugadas, vendidas,

desaparecidas...

Ao ver animaizinhos enjaulados

para serem vendidos,nos dias de hoje,

o que parece muito natural,

pois todos se esquecem

que é livre, o animal

não posso deixar de perguntar:

daqui a quantos anos, crianças enjauladas

para um livre comércio parecerão

aos nossos olhos então já acostumados,

algo muito natural?...

Escrevi esta (em novembro de 2004)poesia como parte do material didático a ser distribuído na UEFS(Feira de Santana-Ba), que em comum com a OIT(Organização Internacional do Trabalho) e NNEPPA,realiza capacitação de pessoas para lidar com as violências contra o menor.