INDEFESA MULHER

Temerosa, encostada num canto, lágrimas caindo,

Ouve impropérios pesados que ferem sua dignidade,

Sem culpas pois jamais fez transgressões,

E temerosa segura nos braços tão frágeis,

A filhinha pequena trêmula e assustada,

Para a proteger de eventuais agressões.

A dor física provocada por tapas,

É menos dolorida das palavras que ferem,

Sem nenhum pudor, pesadas, doidas,

Que calam na alma, machucam, são fortes,

Sem nenhum respeito à condição de mãe,

A mais sublime de todas as virtudes.

Homem que à tirou do regaço materno,

Uma familia onde nunca sofreu transgressões,

Pelo carinho e amor desde quando pequena,

Concebida para ser alegria da casa feliz,

Criança esperta que distribuia sómente sorrisos,

E amada em plenitude pelos pais orgulhosos,

Cresceu, adquiriu soberanias pelas suas conquistas,

Vida própria até para tomar decisões,

Acreditou no amor que lhe acenou um rapaz,

E se entregou diante de todas as evidências,

Pois o jovem bonito tinha todas as credenciais,

Sendo amável, generoso, nunca um suposto agressor.

A vida transcorria em plenitudes.

E o amor mostrava a face em delirantes euforias,

Que viveram intensamente em doces conluios,

E o resultado foi o que sempre sonharam,

Uma filhinha para alegrar suas existências gostosas,

Meiga, linda, sapéca, dona de mil vivacidades.

Um dia porém um estranho bate na porta,

E o jovem aceitou sua presença maléfica,

A droga que sutilmente foi ganhando espaços,

Que ela não via pois sorrateira se esconde,

Até que atitudes estranhas foram se instalando,

E o amor de sua vida ele trocou por ela.

Substituiu as rosas que sempre lhe dava,

Perfumadas, lindas, de um vermelho bem rubro,

E depois de abraços e beijos entregavam seus corpos,

Numa ardente troca de afagos sómente entre eles,

Por agressões virulentas sem medir as palavras,

E objetos cortantes que lhe causavam feridas.

Não se deve agredir criaturas tão frágeis,

Criadas por Deus para gerar nossos filhos,

Perpetuadoras das espécies para não se extinguirem,

E em vez de brutais agressões e palavras tão árduas,

Dar-lhes carinhos que despertam tantas belezas,

Acompanhadas de flores todas elas perfumadas.

02-08-2009