PROTESTO
Vamos detonar suas festas
e cuspir as aflições em suas testas,
manchar com o barro das favelas
as suas prateadas panelas.
Vamos rasgar suas cortinas europeias
e com os trapos, secar os suores
das nossas vidas plebeias.
Explodiremos sua enorme escolta
com as bombas de nossa revolta!
Vamos emudecer sua melodia
com os gritos de nossa agonia.
Arranhar nossas dores em seus carros
e fazê-los lamber nossos escarros!
Vamos embriagá-los
com os odores das abstinências
e torturar suas consciências
até que reconheçam, por fim,
a nossa dorida existência.