Crônica de Um Dia Dentuço

Pinguço.

Entrou no bar e pediu a cachaça.

Que graça,

o cara pediu-lhe a carteira do CREA.

Que idéia.

Branca igual vela parou na esquina,

a menina,

felina no jeito de andar.

No bar,

falou, a carteira não trouxe.

Se fosse

morena, seria melhor.

Tem dó.

A esquina de novo sozinha,

não vinha

a morena dos lábios de mel.

Manel,

não sou mais o seu engenheiro.

Maneiro,

se esgueirou, foi saindo do bar.

Que azar,

hoje é dia de feira.

Besteira,

os preços jamais vão cair.

Fugir,

a saída é o Galeão?

Eu não

vou me deixar convencer.

Vencer

é tudo que querem de mim.

Assim,

não vou me desapontar.

Lutar

é tudo que posso fazer.

E crer

na grana que traz a cachaça.

E na raça

que me faz sair por aí...

Rio, 19/07/1994