OBSCUROS

***OBSCUROS***

Eu vi a felicidade deles estampada no sorriso.

Vi meu sentimento transposto nas lágrimas.

Lado a lado:

a inocência sem culpa, sem escolha;

a culpa, minha vida, a escolha.

Meus olhos cheios do que se pode ver,

vazios do que não se vê.

Alívio por eu poder viver

o que todos vivem.

Mas eles não!

Não, eles não podem estar em meu lugar!

Surgem correndo para um pedaço de vida,

Eu... para o nada!

Felizes apenas por sentir um raio de sol;

Sol que eu nem vejo!

Sorrindo para o céu, sendo molhados pela chuva.

Eu fugindo da verdade, ansiado, molhado pelo pranto.

Felizes por não conhecer o peso do mundo;

muitos nem podem.

Não possuem a dádiva de ver!

A que lá de cima Ele me concedeu.

A deles?

A visão da mente, da imaginação,

da inocência.

São os donos do mundo, da vida presente!

Mal sabem.

Cada um tem reservada uma estrela.

A minha é grande,

Hoje não brilha!

A deles... pequena,

Enfeita todo o céu!

Ilumina a penumbra do meu coração.

(ZARINELLO, Thiago – 2008)