Mão Remissa
As ocupações...
As preocupações...
Não se tem mais tempo.
Onde estão os amigos?
Aquele que ofereceu o ombro...
Aquele que se fez ouvido...
Aquele que estendeu a mão?
Mente que aperta e esquece
Depois de cansada adormece
Se fazendo como mente rude
Ou rudemente entenebrecer
Ligada a um coração turbado
Em meio aos tantos abalos
De família, casa, parentes,
Ou duma sociedade carente
Onde só Deus pra socorrer
E criança que corre e não vê
O corrupto atravessar o justo
Com as promessas de fazer
Sentar, relaxar e deixar pra lá.
As situações...
As opiniões...
Nada resolve um mundo insone
Onde estão os risos?
A espontaneidade do colo...
A boca com sabedoria...
Onde está a mão que acaricia?
Flores odorosas enterradas
Rosas fétidas em meio às loucas
Cravos perfumados em jardins
Jardins pisados e queimados
Pelos cigarros de folhas secas
Pelos craques entorpecidos
Dos vilões envaidecidos
Com poderes de leões
E atitudes de ratões
Que roem, sujam e destroem
A esperança do operário
O futuro do ignorante
Que planta e não pode colher!
Soberbos comem e desprezam
O que do suor se adquire
Tão cínico sem suor consome
Sem ver valorizado o sangue
Do que rasga vestes no sol
Que queima pele e racha o pé
E reza pra dançar na chuva
Cantando saber semente nascer.
Chuva solução hidratante dum povo estonteante
Resposta ávida da natureza aos que agem com esperteza
Se não acodem nem abrigam, é porque querem matar