A Estética dos Desajustados - I
Os Corpos
Somos o lodo sujo das calçadas
Lábios vermelhos de mercúrio,
A essência fálica e o barulho
Aves negras da madrugada.
Somos ébrios loucos tresloucados
Ascendência suma, escorpião,
Vento lâmina sem direção,
Lobos cinzentos e esfomeados.
Somos luzes roxas e bares vazios,
Whisky barato e melodia
Cujo a voz rouca some e adia
Um pôr-do-sol sempre tardio.
Somos fogo-fátuo prematuro
Feitos de enferrujadas grandes cegas
Sem esperanças, calor, ou adegas...
Prodigios desferrolhados e imaturos.
Nós somos os corpos desajustados
Filhos da sujeira banida na estética...
Andarilhos d'uma sociedade esqueletica,
O princípio de uma nova manhã.