SAGA DE LAMPIÃO

Existiu no Nordeste brasileiro

Um sujeito de fama e valentão.

Ele era temido e respeitado.

Adorava dançar um bom xaxado,

E seu nome, de alcunha, Lampião.

Esse cara aprontou, enquanto pôde.

Fez miséria, casava e batizava...

E deu surras em cabras enxeridos,

Sendo, pois, os “macacos” preferidos.

Era de quem mais couro se espichava.

Aliás, de um milheiro de soldados,

Uma vez sob as mãos de Lampião,

Apenas era salvo algum polícia,

O que fosse mais macho, com malícia

Aderindo ao cangaço do sertão.

Fazendeiro, por mais que rico fosse,

Não tentasse enfrentar o Virgulino.

Era duro o jagunço mais temido.

Ele mesmo punha ferro no atrevido

E o sangrava com o aço cristalino.

Punhais do cangaceiro rebrilhavam.

Tinha mais de dezena, tudo em prata.

Cada qual, que sangrasse algum safado,

Tinha um corte no cabo assinalado.

Nem por isto das contas fez bravata.

Mulher nova tomou por companheira.

Um xodó por quem sempre o bandoleiro

Curvava-se. E, com terna paz contrita,

Aos pés da sua M a r i a B o n i t a

O cruel transmudava por inteiro.

Fez-se bravo, em diversos tiroteios,

Lampião, o anti-herói, o sanguinário.

Noves fora as maldades, eis meus versos

Ao comandante-em-chefe de perversos,

Que do povo não sai do imaginário.

Se alguém pode eleger-lhe o lado manso,

Este foi, pela fé, em Juazeiro.

Lampião pintou o sete, no Nordeste.

No Ceará, todavia, não fez teste

De mau, pois Padim Ciço o timoneiro.

Conhecido ficou por toda parte

Esse Rei do Cangaço, ou Lampião.

Dele emboscado o bando por volante,

Então venceu a Lei, mas por instante,

Que o mito popular ergue o povão.

Fort., 28/06/2009.

Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 29/06/2009
Reeditado em 29/06/2009
Código do texto: T1672578
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