O Homem Máquina
 
Fazendo muito, não parando de fazer.
Trabalhando sem parar,
concentrado nos objetivos do mundo.
construindo para fora de si,
para compensar o vazio
que vai na intimidade do seu ser.
deixando de lado o refletir.
Esquecendo de si,  
não sabe se intencionalmente ou não.
Produzindo objetos e coisas,
Montando todo um quadro de relações,
realizando o que alimenta
a expectativa alheia,
escravo do olhar do outro.
Descobrindo não ser amigo de si,
por não realizar-se, assim
alimentando a própria frustração.
Surgindo um mundo em torno de si,
sendo o autor deste pequeno mundo,
mas sentindo ter feito muito pouco.
Ou pior ainda, nada ter feito.
E então o choque,
a sensação de prostração,
a percepção de ter sido derrotado,
mesmo que ante
aos olhos alheios,
surja como um grande vencedor.
Não se engana a própria vontade,
ela será sempre rebelde e rude,
atirará a face
que é culpado de hipocrisia.
Então o tribunal da consciência,
promotoria e defensoria,
e o réu pleiteia desculpa,
recorre a sua limitação convicta.
e o júri na vê, ninguém o vê,
todos conhecem a outro,
e não a ele. E só ele sabe quem é.
Um conflito, alto mar,
o barco pode afundar,
teme a falta de um bote salva-vida.
Teme que a maré do cotidiano
suplante em forças a sua fraqueza,
O cérebro parece inútil,
a ação não vem, está abatido,
tem um desânimo imobilizante.
Vê grades onde não existem.
Até que sente o vento soprar,
como que mensageiro distante,
trazendo pequeno lume,
Onde o escuro queria pr
evalecer.
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 24/06/2009
Reeditado em 05/08/2017
Código do texto: T1665449
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.