A Evolução Humana

Pouco parece adiantar o avanço da ciência
ante a insistente presença
do lado primitivo do Homem.
A ignorância do subconsciente
transborda em instinto.
Num mesmo momento histórico reúnem-se
o poderoso saber científico
com a brutalidade tribal.
O grande erro talvez venha a ser gerido
em torno do que se supunha
ser o superlativo do conhecimento.
E toda tolice será julgada
como fantástico saber.
Assim, toda grandeza
da promessa de sonho,
que parecia estar guardado no horizonte,
parece ser tomada por profunda cegueira,
mergulhada numa profunda mediocridade,
na insana sede para nutrir
a voracidade por riquezas.
Toda a reserva mineral do planeta
não se mostra suficiente.
Nem as lágrimas das mães desesperadas
pela perda dos filhos conseguem sensibilizar.
O tão propagado respeito ao próximo,
antes parece ser visto como oportunidade
para abater o oponente desprevenido.
Perdidos nas trilhas
do encontro com a criação,
elevarão a santo ou
herói quem de fato é perverso.
Escravos das pompas dos ritos,
mas vazios de alma,
hão de misturar o sagrado
e efetivamente divino
com a velha magia
elementar dos feiticeiros.
Haverão de construir pedestais
para duendes e gnomos,
supondo-os verdadeiros profetas.
Desencaminhados da vivência
coletiva harmônica,
haverão de erguer altares
para louvar os próprios pecados.
Na busca da maximização das oportunidades,
deixarão a ética em coma,
vítima de anemia de ações,
pervertendo tudo que é bom e honesto.
Terrível espécie é a raça humana,
assustadora estirpe.
Se não houver barreiras,
se houver pedras no caminho,  
haverão de se tornar
conquistadores interplanetários.
Entretanto, ainda não. Pois antes,
o dramático terá algo de tragicamente cômico,
melancolicamente terrível.
Como que num grande teatro,
haverá encenações de velhas peças,
das pobres e repetitivas
representações da história humana.
E, então, a ferida estará exposta,
somente o tempo será remédio.
Legiões humanas hão
de buscar a verdadeira consolação.
E, nesse instante,
talvez um simbólico velho mosteiro  
transforme-se em fortaleza-castelo
e ali desperte o seu sagrado espírito,
que estava há muito adormecido,
por estar esquecido,
ganhando vida em meio
à desilusão de uma torpe miragem.
Reflorescendo como esperança,
sendo ponto de reencontro para
uma nova possibilidade
que talvez possa existir.
 
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 24/06/2009
Reeditado em 05/08/2017
Código do texto: T1665212
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