Meras Aparências
 
Bordões , frases feitas,
almas vorazes
travestidas de bondosa aparência,

Seres selváticos fantasiados de anjos,
especialistas na arte de ludibriar.

Magos, feiticeiros de terno e gravata,
dotados do dom de iludir.

Homens de fala mansa e mãos lépidas,
donos da frieza dos números.

Proprietários dos corações duros
e dos cérebros poderosos.

Algozes da ciência e da boa fé,
perversores do bem possível.

Pratos vazios,
copos desprovidos de líquido,
talheres inúteis.

Sem sabor , sem alma,
apenas o prazer da posse
a qualquer custo.

O gozo do quantificar
contínuo e sem fim
das infinitas aquisições.

Bastam-se, danem-se os outros,
são meros dados estatísticos.

Um número perdido
em meio a tantos outros.

Por tudo isto a indigestão
sem ter ingerido alimentos.

O suco gástrico a corroer
o próprio estômago.

Uma tremenda dor de cabeça
ao perceber o quão difícil
é a solução desta equação.
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 23/06/2009
Reeditado em 05/08/2017
Código do texto: T1663485
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