Tudo por umas Moedas

Mundo da estatística,
antes método de quantificação,

agora poderosa deusa a ser nutrida,
instrumento de manipulação.

Mundo dos resultados,
produzir, produto e produtividade,

Tudo deve ter um valor,
tudo deve ser vendável,
tudo deve um ter preço.

Frações, numerador
e denominador, porcentagens,

juros, base e expoentes,
e também algumas multas.

O perde e ganha.
O compra e vende.
O lucro e o prejuízo.

“E aí, seu “doutor”,
vai aí umas unidades de amor?”

“E aí, “gente boa”,
vai alguns quilos de justiça?”

Até nos cruzamentos
tem gente vendendo alguma coisa.

Para os tecnocratas
não existem problemas,

mas sim variáveis
fixas e flutuantes,
belos gráficos cartesianos.

Poesia numérica
que cria percentuais
de excluídos disso e daquilo.

Métrica musical de diretamente
e inversamente proporcional.

Suprema cultura, polida oratória,
enciclopédias sem almas.

Muita informação inversamente
proporcional à sensibilidade.

 
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 21/06/2009
Reeditado em 06/08/2017
Código do texto: T1660378
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