O SORO DO SERTÃO
Tanta é a fé:
Quão fundo é o drama.
Tamanha é a inclemência
Da chama do sol
Que, sobre a terra igneamente cálida,
Perenemente medra, se propaga,
Se agiganta e impera como tom maior, altissonante monarca:
A onipresente ressonância da hiperbólica nota máxima!
Facunda é a oração cancionada
Para que a benção da água verta,
Na forma de profusa derrama lacrimejada:
Miraculosa chuva caudalosa, corpulenta,
Sequiosa, faminta, gulosa, sedenta!
Tanta é a rijeza:
Tamanha é a crença
Na grandiloquência do poder qual se assenta
No opulento sólio do reino da reverberante oralidade da lenda.
Tantos são os passos
Á medida do quão numerosos se fazem os calos:
Tamanha é a esperança na colheita
De um auspicioso, magnânimo, benfazejo maná da cristã opulência.
Tão certamente crédula é a confiança em São José:
Quão visceral, vívida, viçosa
É a reza qual tecem os fiés junto a seu coeso e madeiroso par de pés
Que a secura sucumbe á incólume muralha da resistência
Da Animosa Gente Sertaneja.
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA