Pobres Crianças: Crianças Pobres

Crianças criadas cruas para vida,

Ardendo em inconfortável sol,

Queimando e esquartejando peles nuas,

Semi-nuas e famintas.

Autoridades passavam,

Viam e viravam os rostos.

Estavam pensando no almoço

Longe pensariam: “isso daí é minha culpa,

Eu tenho o dever legal para alterar essa situação”.

Crescendo nas trevas da hipocrisia,

Alimentando-se no leito da agonia,

Não possuindo corpos, só formas

Nas quais as costelas pintam as cores da dor,

Que se prepara para um longo sono

Onde nem uns pequenos ternos de madeira encobrem.

E a solução é cobri-los com terra,

Escondendo os olhos loucos por alimento que talvez acrescessem seus destinos

Que somente cresceram: “a fome”,

“a sede”, “as drogas”, “a loucura”...

Onde o Estado mesmo disse:

“Isso é bom pelo menos eles se esquecem disso tudo

Morram!

Pois essa é minha voz já falida

Que gasta o suor de muitos

Em futilidades que um belo chute,

Ou um belo carro alegórico escondem

E se me perguntassem: ‘quem paga tudo isso?’

É o futuro.

Crianças criadas cruas para vida”.