Justiça Míope
O grito de dor e desespero do oprimido
É o fátuo alimento saciador d`um algoz
Que bebe o sangue de um inocente
E se inunda num deleite infame
Escarnecedor do direito de defesa comum
Aos fortes e enfraquecidos pela lei dos homens
Nem míope, nem cega, como disseram-me um dia!
É inútil lutar por justiça se sua inabilidade
Em ser justa predestina escolhidos incontáveis.
Uns poucos a excelentes opressores e muitos outros
Ao martírio de um berço perpetuado aos excluídos!
Execrados d`um sistema que reconhece raízes
Copas, viadutos e coberturas onde jaz
Um por um de seus membros, “incluídos”.
É amoral pensar que a ética dos “intocáveis”
Não passa de simples palavra com grafia fácil
Pronuncia linda, e por isso, difundida aos ventos
Como o hálito fétido dos que a prega com alarido e fantasia nos gritos! Porque, ao contrário dos que são sacrificados aos gritos
Não vejo nenhum sentido prático pra justificar
O embuste da justiça que quase me fazem crer!