Os homens do livro
“Enquanto tu dormes
eles trabalham
Os homens do livro
nunca descansam
Das suas cabeças
pendem fumos,
de seus fumos o futuro
da imensa humanidade,
mas tu vais a sua igreja
e eles em tua mente consagram
as cinzas das tuas desgraças
Teus filhos nas escolas
reverenciam fotos grandes, obrigados, pelos pais
prediletos construtores da pátria.
Aquele guia seu caminho
enquanto a morte cavalga
no território das infindas almofadas
Os homens do livro escrevem
fabulas que entorpecem tua alma,
mudam a historia de nomes
trocam bandeiras por hinos inventados
a raiz dos ancestrais
transformam em pó
pesado nas cruéis crinas fauces,
por isso seu alento sempre vomita
papeis que apodrecem a velhas lembranças,
paredes queimadas com velhos retratos
Nunca descansam
Murmuram ao ouvido
mitos programas
de falsas superioridades
tem cuidado, tem cuidado,
agora estão espreitando
eles marcam nos úmeros
um símbolo mal elaborado;
teu “pijama de raias”
leva estralas ou barras
No coração um numero gris,
na mente ferro acerado
Alambrada arredor:
o medo dentro,
o medo fora. Melhor calado.
O medo sempre é necessário
para odiar a quem decidem
deve ser exterminado.
Aguarda, aguarda, tem sumo cuidado
eles tem olhos na luz,
ouvidos no vento que passa.
E o medo dentro,
o medo fora.
O medo que sempre é necessário
para fabricar povos escravizados.
Eles escrevem o livro,
enquanto tu dormes
enquanto não das por nada
Logo edificam as pautas
e já só podes caminhar a seu lado
por onde eles fazem as marcas
Pois Eles nunca descansam