Na Plenitude da Tolice
 
O sincronizar
cronometrado de cada emoção.

O movimentar mecânico
de cada pensamento.

Diante da tristeza,
mostrar-se comovido,

diante da amargura,
se possível,
derramar algumas lágrimas.

Frente à alegria,
esboçar um sorriso contido
e bem comportado.

Frente à euforia,
soltar-se um pouco mais,
fluir gestos largos,

aumentar o tamanho do sorriso,
pronunciar algumas onomatopéias.

Mundo quantificado,
mundo bem medido,
cadastros e classificações.

Necessário descobrir
qual a quantidade
de lágrimas despejadas.

Essencial medir-se,
de ponta a ponta,
o tamanho da curva do sorriso.

Mundo de escaramuças,
das conveniências,
das hipocrisias,

dos atores e atrizes natos
que vivem
a representar no cotidiano,

criando um politicamente correto
em contraste
com o realmente falso.

Assim é que, por dissimulação,
o que é vicioso
ganha ares de virtuoso.

Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 09/06/2009
Código do texto: T1640554
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