Régua e Compasso
Cada passo que dou no escuro,
cada tijolo que ponho no muro,
cada verso que eu faço,
peço régua e compasso:
são sinceros, eu juro.
Cada coisa que me meto,
cada rima que cometo,
cada nota que recebo,
peço régua e compasso:
para o tal mancebo.
Construindo o meu futuro,
acabaram com meu muro,
mas o discurso continua,
mesmo com cara de idiota,
e a cidade toda nua.
Vou driblando o agiota,
dando uma de poliglota,
e com as costas quentes,
mas nem isso importa,
vou somar no côro dos cotentes.