Aos pais ausentes

Nem uma lágrima verteu
Frio pálido rosto de cera
Erecto vestido de negro pesado
Sabia ser aquele o seu fado
Um esquife adornado
Da mais pura seda
Branca como a neve
O rosto inerte que a morte dava beleza
Nas mãos um rosário de prata
e um lírio fresco ao lado.
Não parecia a morte mas um encantamento
O filho e o pai frente a frente
um já nada sentia repousava no sono eterno
 o outro pesar  lancinante
Tanta coisa podia ter sido dita que não se disse
Tudo podia ter sido diferente
sofrimento calado mas inflamado
Ali estava um homem
perante algo que não mente
Orgulho curvado
Nunca tivera tempo
Por fora um rosto seco
Por dentro um dilúvio desbravando
o que lhe restava da alma
A mágoa que um pai sente
ao ver seu filho no leito de morte
ele chorava sim, um chorar diferente
Pungente que só ele sentia
naquele diálogo mudo
sem ruído porque quem estava presente
lhe era indiferente
É então que ao fecharem o caixão
ao abraçar e beijar numa ultima despedida
tocando naquele corpo inerte já sem vida
carne da sua carne sangue do seu sangue
 uma lágrima quente saída da sua alma magoada
vai cair no rosto frio e lindo do seu filho
e acompanhá-lo na eternidade ,consciencia tardia.
pranto de esterna saudade 
Pela primeira vez pai e filho unidos e presentes .
De tta
09~06~01
 
 
 Nota
 Não é historia nem imaginação da poetisa apenas versejei para alertar os pais que se ausentam demasiado dos filhos com liberdade e autonomia exagerada e procuram quem os oiça nem sempre pessoas adequadas,que os levam por caminhos maus.
Este facto verdadeiro é um exemplo de muitos outros. Um filho que se cansou da vida  muito cedo e enveredou por caminhos  inseguros os pais demasiadamente ocupados não se deram conta de que deveriam ser menos ausentes.Depois já era tarde demais.

Acompanhem a vida de seus filhos  é o meu voto a todos os pais, os perigos desta vida são muitos .......da tetita

Tetita ou Té
Enviado por Tetita ou Té em 01/06/2009
Reeditado em 03/06/2009
Código do texto: T1625925
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