Criança de Rua

Criança de Rua

Maju Guerra

Criança de rua sem destino e sem lar,

sem afeto e proteção, por aí a vagar.

Da família não sabe, cedo foi abandonada,

como um traste qualquer à própria sorte deixada,

chegou na hora errada, era criança não desejada.

Do amor não conhece, arrimo e carinho desconhece.

Inocência perdida nas cruéis vielas da vida.

Conhece a dor, a fome, a peleja, a indiferença.

Conhece a violência, o frio, o sexo, a intolerância.

Quase nada compreende da vida e da morte,

vida e morte estão sempre entrelaçadas,

estar viva ou morta é pura obra da sorte.

Droga não é perigo e nem delito, logo aprendeu

que é amiga e poder, é companhia e abrigo.

Cada dia de vida é milagre que não tem noção.

Seu destino é vida breve, talvez libertação,

pois a faca, a doença, a bala perdida a pegam.

Criança de rua, debaixo da armadura que veste

é frágil e carente, mas precisa se mostrar forte

para se defender das mazelas da vida que lhe deram.

Criança desvalida que não conhece o futuro e a esperança,

minha alma doída chora e se entristece por você.

Peço-lhe desculpas por tão pouco poder fazer,

por não poder lhe dar a mão da maneira que é preciso

para que não caia no abismo com qualquer empurrão.

Maria Julia Guerra.

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