SONHA OPERÁRIO, SONHA!

Na mudez do governo

A história se torna palpável

Do descaso que um dia

Terá um final infernal.

Silêncio de ventre abrigando

Auroras que não nascem.

Clausura de monastério

Onde só preces são libertas.

Sonha operário, sonha,

Com tudo que é teu por direito

Porque de quatro em quatro anos

Estupram teus ouvidos com promessas.

Serás sempre um amante traído,

Vilipendiado no teu sagrado

Desejo de ser feliz

No país onde nasceste.

Só te resta a vergonha

De esmolar em longas filas,

O alívio para os teus males.

Não há consulta, é ponto facultativo,

Dizem os agourentos atendentes.

Levantem o traseiro da cadeira:

Diz o figurão importante

Que não presta conta do imposto

Descontado em cada transação

Depositado em burras de fundo roto

Ou no cofre de algum escroto

Lá nas ilhas caribenhas.

É tanto sofrimento que não dá

Pra confiar em mais ninguém

E todo dia tem mais um morto

Na porta de um hospital.

10/05/05.