QUEM VIVE SABE

Quando todo mundo pensa igual;

Ninguém pensa muita coisa.

Não notam sequer que são facilmente substituíveis

Ou que tanto existiriam como não existiriam.

Poucos se queixam, e ao que eu saiba ninguém reclama

Por não saber a quem.

Esse quem será que existe?

Quem vive sabe, mesmo sem saber que sabe.

Assim é que os senhores sabem mais do que imaginam

e estão fingindo de sonsos.

Preciso perguntar, embora não saiba a quem.

Se devo mesmo amar quem me trucida

E perguntar quem de vós me trucida.

Também eu não faço a menor falta

E até o que eu escrevo

Um outro escreveria

Existir é coisa de doido, caso de loucura!

Porque parece. Existir não é lógico.

Quem tiver a tolice de se perguntar “quem sou eu?”

Cairia estatelado em cheio no chão.

É que “quem sou eu?” provoca necessidade.

E como satisfazer a necessidade?

Quem se indaga é incompleto.