O mendigo
Observando a criatura rota, sem rosto
Amarfanhada de alma, encarquilhada de medo
Vazia de ilusões, repleta de emoções
Desiludida da carne, de amizade
Só lhe resta a compaixão, mas.....
Olhando atentamente é um ser
Cabelos desgrenhados, olhos vermelhos
Sentidos vazios numa outra dimensão
Tristeza sem ressentimento, solidão
O pão duro jogado, sua refeição
O banho das águas da chuva
Seu cobertor são as labaredas de tímida fogueira
Que tremeluz como companheira
No vazio das sarjetas, no ermo dos descampados
No frio terminal de ônibus, na escada, na estação
Na frieza dos olhares indiferentes da população
No seu soçobrado projeto de ser simplesmente
Um desconhecido, mas respeitado cidadão.
Guilhermino