O mendigo

Observando a criatura rota, sem rosto

Amarfanhada de alma, encarquilhada de medo

Vazia de ilusões, repleta de emoções

Desiludida da carne, de amizade

Só lhe resta a compaixão, mas.....

Olhando atentamente é um ser

Cabelos desgrenhados, olhos vermelhos

Sentidos vazios numa outra dimensão

Tristeza sem ressentimento, solidão

O pão duro jogado, sua refeição

O banho das águas da chuva

Seu cobertor são as labaredas de tímida fogueira

Que tremeluz como companheira

No vazio das sarjetas, no ermo dos descampados

No frio terminal de ônibus, na escada, na estação

Na frieza dos olhares indiferentes da população

No seu soçobrado projeto de ser simplesmente

Um desconhecido, mas respeitado cidadão.

Guilhermino

Guilhermino
Enviado por Guilhermino em 24/05/2009
Código do texto: T1611989
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.