ANJO INOCENTE
NALDOVELHO
Anjo ferido na beira do abismo,
não sabe que o colo que aquece padece,
não sabe a criança de olhar inocente
que a mão que semeia também sabe ferir.
Não sabe da farpa, da fuga e da fúria,
não sabe da faca, do corte e do sangue,
mas sente a dor da sede e da fome,
ressecadas as lágrimas, nem sabe sorrir.
Anjo inocente na beira do abismo
não sabe seu nome, nem seu sobrenome,
olhar embaçado, desesperançado,
não sabe das águas, do trigo e dos sonhos,
teu tempo é escasso, logo-logo partir.
Armei um presépio lá em casa este ano,
o Cristo era negro e morria de fome,
na mesa tua carne, nos copos teu sangue,
nas ruas do mundo a inconsciência do homem;
transpassados os cravos, dilaceram-te as mãos.
Por mais que eu tente não consigo sorrir.
NALDOVELHO
Anjo ferido na beira do abismo,
não sabe que o colo que aquece padece,
não sabe a criança de olhar inocente
que a mão que semeia também sabe ferir.
Não sabe da farpa, da fuga e da fúria,
não sabe da faca, do corte e do sangue,
mas sente a dor da sede e da fome,
ressecadas as lágrimas, nem sabe sorrir.
Anjo inocente na beira do abismo
não sabe seu nome, nem seu sobrenome,
olhar embaçado, desesperançado,
não sabe das águas, do trigo e dos sonhos,
teu tempo é escasso, logo-logo partir.
Armei um presépio lá em casa este ano,
o Cristo era negro e morria de fome,
na mesa tua carne, nos copos teu sangue,
nas ruas do mundo a inconsciência do homem;
transpassados os cravos, dilaceram-te as mãos.
Por mais que eu tente não consigo sorrir.