A POÉTICA DO ESTUPRO
Estupro de uma dona-de-casa,
Da linda e indefesa normalista
Desgarrada da canção; da heroína
Da história e de uma secretária
Entre patrões e parangolés.
Estupro da senhora elegante
Reduzida aos mulambos, rasgada,
Tendo as pernas afastadas e a alma
Atochada num beco e sua escuridão.
Estupro da menina inocente, da meretriz
Pelo cliente e de uma mulher por vários
Marginais.
Estupro punido, perdoado, assitido, repulsivo
E até desejado!
Estupro que se dá numa sala, na alcova,
Na família, na igreja ou numa mesa de biliard.
Estupro em todas as classes, campos,
terrenos(baldios), flancos, formas e posições!
Estupro de Sodoma, Lesbo, Nanking e em qualquer
Lugar.
Hediondo para a vítima, prazeroso para o seu algoz.
Excitante para alguns, revoltante para muitos outros.
Estupro do qual nascemos, somos abortados,
E que torna uma virgem, mulher.
Estupro do vento que esvoaça aquela saia!
Cometido por um boto, espírito santo, incubus
E mandrová.
Arma de guerra, lei da cela, bárbarie de vândalos
E dragões contra uma donzela.
Estupro em poemas, filmes, ocorrências, jornais,
Intenções e cicatrizes.
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