SAL
Renascer a cada dia
No sal das cinzas do vegetal que morreu
No sal do suor dos homens na luta diária
No sal das ondas que marcam as rochas na praia
No sal contido na língua áspera dos críticos injustos em seus pedestais de louça
No sal da terra em cio, desejando água
No sal que queima e reabre chagas doridas e quentes
No sal da baba dos cães danados com raiva e quase cegos
No sal do intestino prutefacto dos abutres eternamente pousados a sombra do riso
No sal da vida jogada fora na sarjeta, num beco qualquer nas frias noites de chuva
No sal da viúva lágrima que jorra no peito jovem
o ferro imponente corroí-se e desgasta com o sal
a vida esvai-se por mãos assassinas e pneus irresponsáveis
a infancia chora o brinquedo roubado e jogado no lixo
choramos o tempo perdido em busca do além
em certas circunstâncias o homem é mera estátua de sal
ou continua