LADRÃO DOS POBRES
Ladrão dos pobres
Muitas vezes chora
Meu pobre coração
Sem que as lágrimas
Escorram pelo rosto
Na ausência delas
Ficam as sequelas
No músculo quieto
Exercendo sua função
As dores nem sempre
São as mesmas
Talvez a pior de todas
É a que não ouso falar
Tremenda a revolta
Diante da impotência
Sem poder consertar
As cotidianas injustiças
A pobreza em si
Já é difícil suportar
Impossível aceitar
Quem comercializa
As doações recebidas
Para os pobres ofertar
Vender esmolas
Que nem aos pobres
Puderão chegar
E desavergonhadamente
Dizer que recebeu
Do poder publico
A pobreza mora
em cada esquina deste país
nos sorrisos desdentados
nas casas sem acabamento
Mas a pobreza maior
habita almas de pessoas
Como o rico empresário
Que revende doações
De quem não tem onde
Morar, o que comer, ou vestir
Esta é a pobreza
Que nenhuma doação
Poderá extinguir.