ARRASTÃO
ARRASTÂO
Senti-me como peixe fora da água
Quando vi a loja ser atacada
Não sobrou quase nada
As araras foram derrubadas
Mulherada correndo pelas calçadas
Muita gente louca desvairada
Fugindo sem saber para onde
E as compras no “shopping”
Tornaram-se um passatempo
De horror e tragédia
Onde está a polícia
Depois de tanta destruição
O bando passou violento
Como um furacão tenebroso
Tentei levantar-me não deu
Em outra tentativa gemi
Alguma coisa estava errada
Alguém gritava tá quebrada
E a dor forte na perna
Deixava-me apavorada
Já na ambulância eu via
A multidão toda se dissipando
O barulho das portas correndo
E eu na maca deitada
Minha roupa estava suja
Amassada. Minha cunhada coitada
Tremia, e chorava, ao mesmo tempo.
Tentava me consolar
Eu dizia, estamos salvas.
Isto não é nada, vou ficar boa.
Na hora eu nem pensava direito
A dor forte dentro do meu peito
Só pude ser informada
Depois de muito tempo
Tive umas costelas quebradas
Iria ficar internada
Não conseguia entender
Tanta violência, tanta brutalidade.
Pessoas comuns violentadas
Em seus direitos, pessoas comuns.
Enlouquecidas em suas investidas
Verdadeira guerra urbana
Um salve-se quem puder
Numa pequena área suburbana
Depois de curada voltei ao local
Parecia que nada tinha acontecido
Tudo continuava igual
A multidão, os compradores.
Os ambulantes, os lojistas,
Só minha recordação tão especial
Não saia da minha cabeça
Esperava a qualquer momento
Reviver todo o pesadelo
Diante de tanto medo
Resolvi voltar correndo
Em casa fui até a janela
Pensando de que adianta
Tanto zelo, tanta tranca,
Tanto cadeado, se o medo.
Na verdade não se acaba
Os culpados vivem soltos
E eu que nada devo
Vivo isolada, aprisionada.
Numa jaula com grades
Com uma única diferença
Os presidiários recebem
Do estado tudo de graça
Enquanto eu pago
Para viver encurralada
Não posso andar nas ruas
Não posso trabalhar,
Não posso me divertir
Não posso mais existir.
A violência arrastou
Até mesmo o meu
Constante sorrir...
ARRASTÂO
Senti-me como peixe fora da água
Quando vi a loja ser atacada
Não sobrou quase nada
As araras foram derrubadas
Mulherada correndo pelas calçadas
Muita gente louca desvairada
Fugindo sem saber para onde
E as compras no “shopping”
Tornaram-se um passatempo
De horror e tragédia
Onde está a polícia
Depois de tanta destruição
O bando passou violento
Como um furacão tenebroso
Tentei levantar-me não deu
Em outra tentativa gemi
Alguma coisa estava errada
Alguém gritava tá quebrada
E a dor forte na perna
Deixava-me apavorada
Já na ambulância eu via
A multidão toda se dissipando
O barulho das portas correndo
E eu na maca deitada
Minha roupa estava suja
Amassada. Minha cunhada coitada
Tremia, e chorava, ao mesmo tempo.
Tentava me consolar
Eu dizia, estamos salvas.
Isto não é nada, vou ficar boa.
Na hora eu nem pensava direito
A dor forte dentro do meu peito
Só pude ser informada
Depois de muito tempo
Tive umas costelas quebradas
Iria ficar internada
Não conseguia entender
Tanta violência, tanta brutalidade.
Pessoas comuns violentadas
Em seus direitos, pessoas comuns.
Enlouquecidas em suas investidas
Verdadeira guerra urbana
Um salve-se quem puder
Numa pequena área suburbana
Depois de curada voltei ao local
Parecia que nada tinha acontecido
Tudo continuava igual
A multidão, os compradores.
Os ambulantes, os lojistas,
Só minha recordação tão especial
Não saia da minha cabeça
Esperava a qualquer momento
Reviver todo o pesadelo
Diante de tanto medo
Resolvi voltar correndo
Em casa fui até a janela
Pensando de que adianta
Tanto zelo, tanta tranca,
Tanto cadeado, se o medo.
Na verdade não se acaba
Os culpados vivem soltos
E eu que nada devo
Vivo isolada, aprisionada.
Numa jaula com grades
Com uma única diferença
Os presidiários recebem
Do estado tudo de graça
Enquanto eu pago
Para viver encurralada
Não posso andar nas ruas
Não posso trabalhar,
Não posso me divertir
Não posso mais existir.
A violência arrastou
Até mesmo o meu
Constante sorrir...