Indignação
Essa é uma poesia que fiz sensibilizado por esses seres que habitam os lixões.
"Indignação"
Uma menina doente
Estende-me o olhar suplicante
E espeta em minh'alma
A dor de sua inocente revolta.
-Indigno é o mundo para ti, menina dos olhos tristes!
Vê ali adiante as dunas
E deleta de tuas retinas
Aquela montanha de entulhos
Que macula o horizonte.
Sente no ar o "fumus bonus"
Do almíscar e da lavanda
E ignora a fumaça ácida
Deste vulcão ignóbil.
Lá estão os condores e a harpia
Não, não espia pra esses urubus agourentos
Em rasantes vôos espiralados.
Ouve o lamento afônico
Das fontes subterrâneas
Envenenadas de nitritos
E, só por um momento,
Esquece o chorume gosmento
Que escorre desses detritos.
Se o inferno de Dante revive
Chora, esperneia, grita
Mas, sobretudo, sobrevive
A esse caos que te limita!