A queda das deusas
Partem, cortam, esmigalham
... craz, craz, craz, atrás
dos montes, atrás das pedras.
A afiada serra chega rasgando
o peito aberto da mata virgem.
O soluço agudo e forte carrega
as lágrimas que se esvaem
até o rio, que se desmancha no mar,
e são confundidas com a espuma
e o bramir altivo e quebrante.
A queda das gigantescas deusas da floresta
dói fundo – sofrem, sofrem -,
dói muito, uma dor ilimitada.
Nos passos cadentes dos mateiros,
são carregados os restos da serragem.
As marcas ficam apontando, denunciando
os traços traiçoeiros dos maldosos.
16 de março de 2005.