Meus Vizinhos
Meus vizinhos não trabalham
passam o dia na calçada
bebem cana, cheiram cola,
fazem ronda , vendem drogas.
As mulheres lavam roupa.
catam piolhos na calçada,
trazem filho na barriga
guarda-costas dos maridos
Das crianças a brincadeira
é policial, bandido,
assustadas contam casos
das visitas aos presídios,
Dos irmãos que já morreram
com balaço na barriga,
traficantes, camelôs,
policial, delator.
A morte ali se anuncia, s
se talha antes da vida,
na arquitetura do feto,
na aridez dos afetos.
Sem passado, sem futuro
jogam dados no escuro,
a sorte a tiracolo
na bolsa urtiga e nó.
Na favela Verdes Mares,
no Planalto Aldeota,
a vida lima os dias,
as esperanças aniquila.
Das Marias, Chicos, Josés,
quem não nasceu em Brasília.
Não é juiz, político, doutor,
não conhece defensor.