Meus Vizinhos

Meus vizinhos não trabalham

passam o dia na calçada

bebem cana, cheiram cola,

fazem ronda , vendem drogas.

As mulheres lavam roupa.

catam piolhos na calçada,

trazem filho na barriga

guarda-costas dos maridos

Das crianças a brincadeira

é policial, bandido,

assustadas contam casos

das visitas aos presídios,

Dos irmãos que já morreram

com balaço na barriga,

traficantes, camelôs,

policial, delator.

A morte ali se anuncia, s

se talha antes da vida,

na arquitetura do feto,

na aridez dos afetos.

Sem passado, sem futuro

jogam dados no escuro,

a sorte a tiracolo

na bolsa urtiga e nó.

Na favela Verdes Mares,

no Planalto Aldeota,

a vida lima os dias,

as esperanças aniquila.

Das Marias, Chicos, Josés,

quem não nasceu em Brasília.

Não é juiz, político, doutor,

não conhece defensor.

laduse
Enviado por laduse em 13/05/2009
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