O vendedor de balas
O vendedor de balas
Pés descalços, unhas sujas, maltratadas
Com as mãos cheias de saquinhos
Ele passa correndo entre os carros
Parados no sinal, gritando e sorrindo:
Quem vai levar balas ?
Quem quer comprar balas ?
Caminhos vazios, vidas estragadas,
As mãos que não mendigam e
Já trabalham, muitas têm calos
Cheios de sonhos
De passear em outros lugares
Ter carros, aeronaves, sorrindo e gritando:
Quem quer comprar balas ?
Dentes pobres, mãos cansadas,
Acenam por todas as estradas
Sorrindo e gritando:
Quem quer comprar balas?
Desde a infância, meninos trabalham,
Desde a infância, meninos estudam,
Na juventude pobres meninos,
Uns estudam e outros não trabalham
Vivem de aventuras e emboscadas.
Me pergunto onde andam as vozes que ouvi
Quem quer comprar balas?
No meio das risadas engraçadas
O que vejo são pessoas correndo assustadas
E muitas muitas vozes chorando e gritando
Corram é mais uma chuva de balas!
E o vendedor, menino, pequeno, descalço
Com o corpo ali esticado no asfalto,
A alma já longe cheia de sonhos
Feitos de plásticos presos em suas mãos
Cheias de balas.